Roda de conversa com as artistas da exposição Matriz

No último dia 2 de novembro, participamos de uma roda de conversa com as artistas, mediadoras e monitoras da Exposição Matriz, no Museu Nacional da República, em Brasília. As conversas, envolvidas pela escuta atenciosa, foram muito significativas para entender e romper alguns dos modos de silenciamento que encontramos com frequência em nossas atividades profissionais e cotidianas.

Como nos encontramos na última semana da exposição, ouvimos muitos relatos das experiências sobre a produção artística coletiva e sobre a recepção dos trabalhos pelos diversos públicos que estiveram presentes na mostra desde o dia 8 de outubro.

A proposta da exposição, feita pela artista Clarice Gonçalves, reuniu outras dez artistas, por meio de chamada pública de um edital financiado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC/DF). A mostra é uma crítica ao trabalho materno, ou melhor, como a sociedade entende e exige das mulheres um determinado comportamento e uma função que seja aceita e condicionada aos estereótipos do corpo sagrado e dessexualizado, do trabalho doméstico confundido com amor incondicional, além de toda uma série de delicadezas que deturpam suas participações na vida pública, incluindo, é claro, as suas atividades como artistas.

Foram apresentados 40 trabalhos, 30 deles da idealizadora e também curadora Clarice Gonçalves e, os outros, das artistas e também mães, Adriane Oliveira, Aila Beatriz, Angélica Nunes, Bárbara Moreira, Camila Melo, Carolina de Souza, Débora Mazloum, Marta Mencarini, Raissa Miah, Tatiana Reis.

Foi necessário ouvir que somente com a instalação de um ateliê coletivo, no interior do próprio museu, e com trabalho das monitoras Juliana Garcia e Nadja Dulci, houve tempo possível para a produção artística e para o acolhimento das mulheres. A mediação de Luana Marques, Jeanine Cardoso, Lucas Benatos e Lais Menezes aproximou os públicos dos trabalhos das artistas e confrontou uma série de questões sobre o imaginário idealizado da mulher e também sobre o machismo estrutural existente na sociedade.

A proposta e a realização da exposição Matriz apresentam outras realidades possíveis, através de pensamentos e ações coletivas, de afirmações de existências, de potentes contatos e de desejos de mudanças.

Roda de conversa: Coletivos Matriz e Atrevidas. Fotografia: Tatiana Reis
Durante a produção dos trabalhos. Fotografia: Tatiana Reis
Fotografia: Tatiana Reis
Fotografia: Tatiana Reis
Detalhe da exposição. Fotografia: Tatiana Reis
As artistas. Fotografia: Tatiana Reis