Reunião Atrevidas 28.09.2021

Na terça-feira, dia 28/09, às 19h, estaremos conversando com a Professora Camila Moraes do Curso de Museologia e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, ambos da UFG. Ela tem se dedicado na prática e na teoria a descolonizar os processos curatoriais museológicos. O último número dos Anais do Museu Paulista https://www.revistas.usp.br/anaismp/issue/view/11901 tem contribuições dela à discussão sobre a história da curadoria nos museus. Achamos que será uma oportunidade poder conversar diretamente com Camila Moraes e trocar ideias sobre o assunto e falarmos sobre nossas pesquisas e os interesses. 

Link para o encontro : https://meet.google.com/ozn-dxky-ren

Projeto Thesaurus Karajá, do qual Professora Camila Moraes participa: https://acervo.museu.ufg.br/colecao-thesaurus-karaja/?view_mode=records&perpage=24&order=DESC&orderby=date&fetch_only_meta=74%2C84&paged=1&fetch_only=thumbnail%2Ccreation_date (O projeto Thesaurus: diálogos interculturais e museologia compartilhada é um projeto de pesquisa financiado pela Universidade Federal de Goiás e CNPq (2019-2021) com a coordenação do Prof. Manuel Lima Filho. Trata-se de uma proposta inédita de elaborar um Thesaurus da cultura material Iny/Karajá em parceria com representantes da comunidade, a fim de avançar na experiência do encontro etnográfico para desconstruir assimetrias na produção de conhecimento intercultural com relação aos estudos de coleções e processo museológicos relacionados a grupos indígenas. O projeto tem como base de documentação digital o software livre – plataforma Tainacan da UFG-IBRAM, com apoio da Pró-reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) por meio do Laboratório de Alto Desempenho, além do Cercomp/UFG. A base de dados que constitui o referido projeto está inserida na Coleção Digital Etnográfica do Museu Antropológico. A primeira coleção do projeto é a coleção William Lipkind (1938/39) do Museu Nacional da UFRJ.

Imagem: Denilson Baniwa. O tempo natural da cebola. 2020. https://extractingus.org/contributors/denilson-baniwa-br/

Roda de conversa com as artistas da exposição Matriz

No último dia 2 de novembro, participamos de uma roda de conversa com as artistas, mediadoras e monitoras da Exposição Matriz, no Museu Nacional da República, em Brasília. As conversas, envolvidas pela escuta atenciosa, foram muito significativas para entender e romper alguns dos modos de silenciamento que encontramos com frequência em nossas atividades profissionais e cotidianas.

Como nos encontramos na última semana da exposição, ouvimos muitos relatos das experiências sobre a produção artística coletiva e sobre a recepção dos trabalhos pelos diversos públicos que estiveram presentes na mostra desde o dia 8 de outubro.

A proposta da exposição, feita pela artista Clarice Gonçalves, reuniu outras dez artistas, por meio de chamada pública de um edital financiado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC/DF). A mostra é uma crítica ao trabalho materno, ou melhor, como a sociedade entende e exige das mulheres um determinado comportamento e uma função que seja aceita e condicionada aos estereótipos do corpo sagrado e dessexualizado, do trabalho doméstico confundido com amor incondicional, além de toda uma série de delicadezas que deturpam suas participações na vida pública, incluindo, é claro, as suas atividades como artistas.

Foram apresentados 40 trabalhos, 30 deles da idealizadora e também curadora Clarice Gonçalves e, os outros, das artistas e também mães, Adriane Oliveira, Aila Beatriz, Angélica Nunes, Bárbara Moreira, Camila Melo, Carolina de Souza, Débora Mazloum, Marta Mencarini, Raissa Miah, Tatiana Reis.

Foi necessário ouvir que somente com a instalação de um ateliê coletivo, no interior do próprio museu, e com trabalho das monitoras Juliana Garcia e Nadja Dulci, houve tempo possível para a produção artística e para o acolhimento das mulheres. A mediação de Luana Marques, Jeanine Cardoso, Lucas Benatos e Lais Menezes aproximou os públicos dos trabalhos das artistas e confrontou uma série de questões sobre o imaginário idealizado da mulher e também sobre o machismo estrutural existente na sociedade.

A proposta e a realização da exposição Matriz apresentam outras realidades possíveis, através de pensamentos e ações coletivas, de afirmações de existências, de potentes contatos e de desejos de mudanças.

Roda de conversa: Coletivos Matriz e Atrevidas. Fotografia: Tatiana Reis
Durante a produção dos trabalhos. Fotografia: Tatiana Reis
Fotografia: Tatiana Reis
Fotografia: Tatiana Reis
Detalhe da exposição. Fotografia: Tatiana Reis
As artistas. Fotografia: Tatiana Reis

Oficina Atrevidas na Semana Universitária da UnB/ 2019

Roda de conversa sobre a história da arte decolonial e feminista na Concha Acústica do Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Começamos com a oficina de encadernação; discutimos a decolonialidade e o feminismo em artes; conversamos sobre as questões específicas, relacionadas a estes temas, da universidade e do Distrito Federal e do Entorno; distribuímos o material editado por artistas que compila as informações sobre a ausência de artistas mulheres e negrxs em principais manuais de história da arte; começamos a exibição de vídeo com a performance de Michelle Mattiuzzi “merci beaucoup, blanc! ” – e soaram os tambores, e caiu a primeira chuva do ano encerrando o período da seca

começando a oficina de encadernação
materiais para a encadernação
cadernos prontos)))
costurando

Fotografias: Marcelo Santiago

Performances, body arte e necropolíticas com Edilson Militão

Na Quinta-feira , às 19 hs, na UnB, numa das salas do ICC, Edilson falará sobre as metodologias de pesquisa e de produção acadêmica que nomeia de “rotas de fuga”:
“Relacionando as metodologias de pesquisa e de escrita com a importância da fugitividade, que é um babado que a Jota Mombaça fala bastante: “era impossível fugir, mas mesmo assim nós insistíamos na fuga”. Compreendendo uma metodologia de pesquisa que se propõe a pensar subversões (fugas) à  uma academia branca, eurocentrada e racista como a brasileira, como na minha experiência de TCC. Meu diploma não deixa de ser uma alforria. Uma fuga do encarceramento em massa eminente pra população que ocupa os marcadores sociais que eu ocupo (o privilégio da universidade). Ao mesmo tempo que estou usando dos métodos da universidade, me apropriando dos autores brancos e dos escritos de colonos herdeiros eu os utilizo para evidenciar que essa História “oficial” é branca e tendenciosa. Que esse sistema que hoje eu utilizo pra transitar na academia é o mesmo sistema que assassina meu pai numa fila do SUS e o mesmo sistema  que tenta me expulsar da universidade quando eu decido expor o racismo do qual fui alvo. É pensar práticas antirracistas na minha pesquisa e prática em artes visuais, especificamente na performance”, – palavras da artista.
Na Sexta-feira, às 19 hs, no Auditório do VIS/ IdA, estaremos conversando com Edilson sobre as performances políticas em artes x(versus) performances de entretenimento, tão em voga hoje em dia. Falaremos das performances de grupos artísticos da Rússia como as Pussy Riots (as mais famosas por aqui), o grupo Voina, o artista Piotr Pavlênski. Será uma conversa sobre o esvaziamento da potência da performance artística na arte contemporânea, sobre seu uso para a exposição narcísica de subjetividades brancas, hegemônicas, pautadas no eurocentrismo – por um lado; e, por outro, sobre a performance artística como uma das linguagens mais potentes em contextos autoritários, racistas e patriarcais – quando praticada a partir de exercício de consciência social e de subversão.

No Sábado, às 14 hs – na CAL Edilson fará uma palestra/conversa sobre “Performance, body arte e necropolíticas“.

Edilson Militão (Cariri-Brasil, 1994) é artista visual, performer e poeta. Licenciada em Artes Visuais pela URCA – Universidade Regional do Cariri (2019) – CE. Desenvolve trabalhos artísticos pautados em sua pesquisa acadêmica em performance arte, body art e necropolíticas. Investiga questões subjetivas e ficcionais ao próprio corpo enquanto identidade política e de seus ancestrais através da história oral de sua família.
Em 2019 defendeu o TCC “Alegoria da Loucura – processo de criação em Performance Arte e taxonomias performativas” com a banca formada por artistas/pesquisadoras renomadas como a Bia Medeiros e a Kaciano Gadelha. Seu trabalho de “modestas” 200 páginas foi elogiado pela banca ao ponto de sugerir que seja transformado em doutorado. A defesa deste TCC foi uma imensa vitória. Durante a graduação Edilson denunciou por meio de performances o racismo na universidade, foi perseguida; as instituições repressoras do estado foram acionadas (SAMU e polícia) para reprimi-la.
Em seus trabalhos artísticos Edilson reflete sobre a colonização do Cariri cearense, sobre a violência da história colonial, sobre as sobrevivências de resistências, sobre a atemporalidade, a ancestralidade; sobre ser e viver de uma bicha preta nordestina no Brasil e no mundo.

Cartaz: logo de Atrevidas por Laíse Frasão, arte por Marcelo Oliveira, fotografia por Rodrigo Belem